segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eco Poético.

  A madrugada me chamou para dançar, com sua valsa medida e bem vestida, veio até meus braços me ensinar a dançar; essa dança de tristeza que nos levou até o pilar das angústias passadas. São sinfonias não mais silenciosas que quebram as horas em busca de novos admiradores, fantasmas que vagam na inconstância da noite abrindo as portas dos nossos segredos não preparados para a valsa macabra das horas contínuas. São lamentações e murmúrios que se transformam em ótimos dançarinos, arrancando dos saltos o som dos suspiros chorosos.
  Brindemos, então, minha graça, às expectativas não alcançadas, as inverdades sofridas no peito e na alma, como a celeste incompletude de dias que deveriam ser apaixonantes. Cadafalso de palavras revestidas do cálix da amargura, perfídia como sombria oscilação dessa alma ainda muda. Assim como corvos famintos a sobrevoarem teu céu, as dores se copulam em tua face, adentrando em teu peito despedaçado, dando mais escuridão às partículas que sobraram dessa fé poética que, hoje, lhe causa ânsia de vômito.
  Por Deus, eu sei, antes sentia a mão da divina esperança sobre tua cabeça repousar. Agora, olha-se moribunda e perdida, sem uma gota de sorriso ao longo desse centenário de lamúrios não revestidos, transformados em trêmulos lábios de ansiedade, em busca da vida nova nas celestes auras não partidas. São criações desse teu peito danado e teimoso que ainda consegue resgatar orvalhos de força para ultrapassar as tormentas à caminho do sol da liberdade; um heroico ato, movido por uma legião de sentimentos arraigados a tua alma que ainda se locomove. São respirações espirituais de uma tentativa real de recomeço, olhos enamorados que rejeitam a dor manifestada em rostos; filhos da própria história, hoje, andando sozinhos.

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