segunda-feira, 29 de agosto de 2011

     Deixo a música lentamente fixar-se em minha mente. Mudo o efeito do áudio para profundo, que felizmente me traz conforto por alguns minutos. Aumento este som para a minha cabeça perder a capacidade de pensar por alguns minutos numa tentativa de esquecer todo o sofrimento. Sinto cada palavra como se ela estivesse saindo de minha própria boca. Os minutos passam rapidamente e eu adormeço ouvindo aquelas lentas canções. Consigo ouvi-las distantemente, diminuindo cada vez mais, e quando percebo, já não consigo ouvi-la mais. Sinto uma forte dor em meu peito e caio ao chão sem ao menos saber o motivo. Então, ao levantar minha cabeça, percebo o por quê. Lá eu vejo você, rindo de minha queda e de minhas lágrimas. Tudo parece fácil a ti, não é? Continuo ao chão junto à minha dor, e você continua lá, nem ao menos olhando em meus olhos. Posso ouvir nossa música tocar cada vez mais intensamente, e percebo que você também consegue. Posso ver a dor em seus olhos, mas você não parece perceber a minha. A música vai ficando mais alta, e começo a lembrar do tempo em que éramos felizes. Você começa a se aproximar a mim e a dor em meu peito vai diminuindo a cada passo seu. Você segura minha mão lentamente, coloca-a em seu peito e diz: “Está vendo? Meu coração não bate mais por ti”, e você continua caminhando, afastando-se cada vez mais de mim. E então eu me desperto. Abro levemente meus olhos e sinto as lágrimas descendo involuntariamente em meu rosto. Por quê eu precisava lembrar-me desta cena todos os dias? A dor em meu peito volta instantaneamente, e eu sinto novamente a saudade batendo em meu peito, cada vez mais forte. Sinto como se nunca tivesse tentado ao menos esquecer-te, pois a dor voltou novamente, como se eu tivesse vivido esta cena novamente. Como se fosse a 1ª vez que você tivesse me abandonado.
    Nas tentativas singelas de versos dolentes, loucuras fogem em versos ardentes. Que me acompanham nas madrugadas insones, entre os sonhos perdidos, e a pequena mecha das doces manhãs. Cola-te sobre a tua pele macia, pedaço de poema, um pedaço de mim. Sobre o desequilíbrio das minhas palavras sussurra esse meu coração falsete. D’um lampejo inspirado, o pouco se desabrochou. Amanheço prosa, anoiteço poesia.
A brisa da janela faz balançar a cortina, por certo dormes de sonhos embrulhados, sem perceber passar o tempo. Éramos nós.. somente. Melodias mudas. Tudo que coloco de mim em um pedaço de papel parece-me tão fraco perto da intensidade das palavras no meu ser. Faço um poema de rimas brutas, combino palavras duras, no entanto não sei como me mostrar tão mentirosa às minhas verdades. Acompanho o nascer d’um novo dia, quando permito-me olhar de novo pela mesma janela a minha pele recebe o calor do Sol a pino. Meu papel permanece em branco, me encarando, jogando-se em minha face como uma mostra da minha música sem notas. Retomo, retomo minha poesia, transformo-a em mil, desfragmento-me em busca de mim, para que me possa escrever. Minha insensatez escapa pelo meu punho e espalha-se por minhas tentativas em vão de fazer meu esforço valer a pena. Desequilibro-me e caio, derrubada pela exaustão de uma noite não dormida. Não consigo colocar- me longe da vontade de poetizar. Entrego-me ao sono e ao cansaço, entrego à minha noite ao meio-dia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011



Por tempos não me sinto assim: Satisfeita com o pouco. Parece que a felicidade é mais bonita, quando deriva de uma longa tempestade, de uma longa caminhada. Consigo enxergar beleza nas coisas simples, e fico maravilhada com isso. O som gutural de uma gargalhada, a música dedicada especialmente àquele momento, a surpresa de um abraço repentino, a satisfação ao ler um poema que traduz o estado de espírito, a proeza em se livrar da solidão… Tudo me traz paz e alegria. Sinto-me leve.

terça-feira, 23 de agosto de 2011


Nesse momento a tristeza toma conta dos meus pensamentos, na verdade o que me acontece são as maldades e o egoísmo das pessoas que vivem ao meu redor, elas acham que é fácil ser eu, como se eu tivesse uma vida perfeita e invejada por todos, na verdade pormenores que sejam, mesmo sendo pequenas o estrago delas em minha carne são devastadoras, o atrito de duas controvercias é o sentido aguçado do gosto amargo em minha vida, eu digo novamente como podem existir pessoas tão cruéis nese mundo, me livrai delas senhor de todo mal em minha volta, ao que tudo indica esse meu pessadelo é real, pois eu enchergo esses cruéis invisíveis esses fantasmas que tentam me perssuadir, mais nunca conseguem, tento rastejar em meus passos de dor e de angústia, espero que você não esteja passando pelo mesmo sofrimento de se sentir invisível em meio a multidão.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011



O sentido talvez não esteja no caminho que sigo, e sim, no que me faz retroceder. Ora, lá trás, tantos detalhes - mesmo que mínimos - se perderam. Me afobei, pestanejei, escapei de olhos vendados. Pisei nas pistas e só agora sinto a dor em meus pés. Entende? É que desta vez não estou reclamando da tristeza, dessa eterna solidão. Não estou. Estou apenas dizendo que a balança tende à dois lados e já não vale a pena observar só por um. Digo, foi diante das brumas que senti a falta do calor. Dei valor. Mas talvez tenha sido tarde demais. Talvez todas as mensagens de socorro tenham chegado somente agora, de forma tardia. Mas há tempo, há tempo sim… O relógio ainda não parou, o sino não badalou. Ainda há muito pela frente, embora algumas vezes eu tenha enxergado somente o fim do corredor. Visão míope, distorcida, pasmada… Cegueira diante da vida.
Os detalhes começam a se dispersar, as memórias vão sumindo aos poucos. Não é sua culpa, mas é verdade. Com o tempo, a imagem dele começa a se decompor aos poucos, e tudo o que resta é a saudade. Saudade, e esse enorme vazio no lugar onde ele costumava ficar. Então, qual o problema de olhar uma foto? Afinal, já se passou tanto tempo. É impossível que ele ainda tenha tal efeito sobre ti, e é só uma foto. Mal não há de fazer, não é? Vai lá, menina. A falta já deve estar apertando, eu te entendo. Todo mundo sente falta de algo que não deveria, todo mundo ouve aquela música e pensa em alguém que não deveria nem lembrar o nome. É mais normal do que você pensa, não se sinta sozinha. Quem te garante que ele não faz o mesmo? Me diz, afinal, ele pode estar segurando aquele velho colar. Ele pode estar sentindo o teu perfume nesse momento. E, como você, ele pode preferir não procurar. Porque amar também dói. E vocês já se amaram demais. 
Eram migalhas: estes teus pães mofados em cima da mesa, queres que eu coma? Faltou apetite; desde quando gostava de pães? Não, não gostava. Preferia os morangos de Caio, as cerejas de Lygia… Tanto sono, tanta intextualidade; só um livro na cabeceira… Ah, Clara! Marcando. Rastejou e recolheu. Vais comer? Coma, meu bem, coma os fungos, esta tua doença. Sem passado, sem lembranças. Pausou.   

– Ando pensando em você.
– Também perdi o sono.

sábado, 13 de agosto de 2011

   Quero entender porque a ideia de distância me apavora tanto se nunca te tive por perto. Minha aflição é tão grande que entorna em sorrisos, gargalhadas. Não perceba como deboche. É angústia. É a separação no vazio da proximidade. Gosto das tuas reticências, um ponto não te cai bem. Aliás, este “fim” que forço não nos cai bem. Se ao menos houvesse um conto para ser terminado, estaria em paz, teria pretexto. Nada há e mesmo assim, desespero-me. Poderia ser um drama desnecessário, entretanto, meu bem – que de meu não tem nada –, eu preciso dessa separação. Como disseste outro dia, o que tens para me oferecer já não é o suficiente pra mim. Essas meias-palavras secas de verdade me prenderam por tempo demais. E é justamente o que há de mais encantador em ti que me faz despedir agora: essa facilidade de jogar palavras ao vento sem nenhum peso ou culpa, o sorriso inesperado, a mordida no canto da boca, esses olhos que brilham e mostram que nada existe de morto dentro desse coração. É deprimente saber que não sou capaz de incomodar esse sentimento vivo, esse coração discretamente empolgante; por isso separo-me do teu gelo que esquenta, do vazio que completa. Quis e ainda quero ser a tua metade, mas tu já vieste inteiro. Nada falta em ti, nada mesmo. E como eu queria ver um espaço para poder me encaixar e ficar, ter um lugar a ser completado e mesmo grande ou pequeno demais, tomar para mim e aninhar-me. Encaixar-me entre seus sonhos. Morar no teu peito sem esperar ser muito ao ponto de transbordar. Apenas ficar ali, aí, contigo. Mas menino, tu és cigano. Cigano completo. Eu sou acomodada, tão caseira e preguiçosa. Se queres saber o que penso, essas características – que vejo como erros – nunca vão mudar. É a nossa essência. E por ser essencialmente metade, não me aguento mais querendo o teu inteiro. É tempo de ir.  

 Só encha a minha bagagem com um pouco mais das suas vírgulas e reticências…

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

  Você vai esperar quanto tempo mais? Vai ficar mais quantos dias sentado? Vai cruzar os braços e pronto? Vai ver as oportunidades passarem sem ao menos esticar o braço para pega-las? Vai deixar mais quantos Sol’s nascerem? Quantas Luas brilharem? Vai esperar a estrela cadente realizar seu sonho? Aliás, esta fazendo algo para ele se tornar real? Levante-se, erga a cabeça. Se mexa, lute, corra atrás do que te faz feliz, do que você quer, do que você sonha. O que cai do céu é água e do chão só nasce plantas.           
  Algumas pessoas dizem que com os anos o amor passa. Eu digo que não. Amor, meu caro não passa. E que passa é a paixão, o platonismo, o desejo de ser desejado. O amor não passa. Ele fortalece os laços. E quando o resto se vai o que fica é ainda mais verdadeiro.
  Eram diferentes demais, quem visse diria que não tinham futuro juntos. Ela gostava de amarelo, e ele gostava de preto. Ele era tão elétrico, ela era tão preguiçosa.  Ela gostava do quente, ele amava o frio. Pra ela, nada era mais lindo que o brilho do sol, pra ele, as estrelas tinham um brilho encantador. Ela gostava de estar arrumada, ele amava usar um jeans surrado. Ele era chato, e ela mais simpática impossível. Ele não tinha paciência pra nada, ela tinha paciência pra tudo. Longe dela, era esperto, perto dela um bobo apaixonado. Longe dele, era séria, perto dele parecia mais uma máquina de sorrisos. Se completavam? Não, se confundiam, mas em meio a tanta confusão eram felizes. E diante de todas essas diferenças, algo em comum eles tinham, e isso era amor.    
 Os calafrios tomaram conta da noite. Estavam os dois abraçados diante da cumplicidade da lua. Tímidos, evitavam se entreolhar. Nem mesmo se tocavam com muita intensidade. Era só o braço dele em volta do ombro dela e a cabeça dela reclinada em seu peito. Era só um sabendo da vontade do outro, mas sem proferir palavra alguma.
 Aos poucos, a mão dele foi deslizando pelas costas da menina, fazendo-a arrepiar. Foi como desabrochar uma flor. Com o simples toque de seus dedos, a menina se entregou. Jogou-o contra uma parede vizinha. Desabotoou os brincos, os panos e os tênis. Deixou tudo ao relento. Sem margem de erro. Somente dois corpos quase suados envolvendo-se perante a noite fria. Ela perdeu o chão, literalmente. Cercou-o com suas pernas delicadas. Incorporou o seu corpo ao dele. Um, dois, um. Instigados pelo sabor um do outro foram desvendando mais que o rosto. Ele a sufocava quando engolia sua pele. Arrepiava os arredores uniformes. Úmidos, unidos, únicos. Uma noite, maravilhosa noite. Noite deles.

 
  Talvez fosse melhor se cada pessoa na rua tivesse uma espécie de capa ligada a ela. Tivesse uma sinopse, uma dedicatória e um agradecimento. Talvez assim fosse mais fácil escolher quem entra na nossa vida e quem fica de fora. “Hm, esse é excêntrico demais pra mim.” “Hm, aquele outro gosta de muita curtição, vai me fazer sofrer.” Talvez assim fosse mais fácil rotular, separar, agrupar. Seria mais fácil fazer amizade, se enturmar, achar alguém com o gosto parecido com o seu. Mas não. Viemos todos sem nenhum código de barra pra identificação. Viemos todos sem embalagem, sem cupom de desconto, sem descrição dos ingredientes. Somos todos textos sem títulos. Somos todos palavras soltas sem sentido. Somos todos letras jogadas ao vento doidas para serem lidas. Mas com preguiça de ler a frase formada em volta. Somos acentos querendo ser utilizados, somos rimas preciosas querendo ser notadas. Mas com indiferença e apatia ao reparar os versos das pessoas ao lado. Com certo desdém em apreciar outras líricas, outra musicalidade. Mas talvez se as pessoas viessem com um título, nós nos interessaríamos mais em continuar. Já daria pra saber o que nos espera: romance, comédia ou terror. Mas não. É um mistério. É um enigma que só se descobre quando começa a ler. É um código que só se decifra quando tem força de vontade. E não tem jeito, todos somos um texto sem título, todo enfeitado, querendo chamar a atenção dos outros, mas com preguiça de reparar o que nos cerca. 

s2
De seu sorriso a quem mereça, Seu amor a quem te valorize, Suas lágrimas a quem te acompanha, e sua vida a quem te ama. 
A vida é muito curta pra ficar justificando resposta na prova.
Eu só quero que você entenda que eu te mando embora querendo que você fique. Penso em não te querer mais sonhando em como te ter mais um pouco. Fico com raiva de você e isso passa. Quero mais carinho e isso me cansa. Penso que você é um ser inatingível, um ser que vive num mundo fechado a mil chaves e cadeados…quero que você entenda: eu gosto de demonstrações de amor, paixão, seja lá o que for.