sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Duvide ou acredite.

  Eu cheguei a estar lá… Mas não tenho certeza de que isto tenha realmente acontecido. Os sonhos que tenho as vezes me pregam peças e acabo esquecendo do que é real e o que é imaginário. Só me lembro que o céu estava da cor do lago cheio de folhas amarelo-ouro a flutuarem sem pressa.   
  Recordo-me do asfalto: vazio. E a imensidão se distendia por todos os lados, preenchia a vista. As formas da natureza esquecida esmerava-se nos recantos sombrios, distantes das ruínas que eu estava acostumado a presenciar. Recordo-me do gosto amargo que senti na boca na noite anterior e dos meus olhos que não se pregaram a noite toda. As horas calmas vazaram e se espalharam, enquanto estava lá, pelo mundo, entre a cidade que agora dorme. 
  O vento gélido atravessou os vales, os cumes, as folhas o lago e eu. Senti meus pés formigarem, senti meus olhos se fecharem e pensei no porquê das coisas serem como são, tão desconexas à contra mão. Porque ainda existo sem razão?
Afinal, meu ser ainda percorre as linhas imaginárias de todas as escapatórias que propriamente criei, uma espécie de fuga que ameniza a realidade de não ter para onde correr. Ao abrir os olhos, encontrei o meu quarto, com as janelas abertas e o mesmo vento frio a atravessá-la. E me atravessar. Os galhos que se movem lá fora estão com as folhas que um dia irão despencar e transitar calmamente no lago. As mãos que aperto aqui são a representação do que não posso tocar por dentro.
  E é assim todos os dias: fecho meus olhos em busca da proteção que está impregnada nas linhas imaginárias que percorro ao escapar do que me prende aqui, ao escapar de mim.

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