Eu conto os segundos porque não quero ser contado, porque tenho pavor demais de chegar tarde, de não poder eu mesma saber dos meus segredos e escolher os que jogo ou os que deixo. Assim os segundos me contam do mundo, que sou capaz de ficar com o coração pesado ao passar na rua, que eu não deveria sentir e compreender qual é a marcha que o vento faz para ver se eu me conservo. Para ver se eu me protejo do sol com qualquer coragem. Para ver se eu paro de esquecer guarda-chuvas e varas de condão, e recortes de jornais onde faço origamis. E me contam que essa vida poderia ser melhor de outro ângulo, de outra rua, de outra época. De outra vida. Eu percebo sem ajuda o quanto é duro decidir minhas próprias coisas. Falar minhas próprias coisas. Sentir minhas próprias coisas. Tão minhas que às vezes saem para fora deste mundo e eu não sou esperta o suficiente para dividir com ninguém. Ter esse chão que sempre cobra o troco por me apoiar dia após dia e esse céu que despeja lágrimas sem que eu dê permissão - esses tipos de piada refletem em mim e o desespero grita alto. Eu poderia ser uma pessoa melhor, mais solta, mais compreensível. Eu poderia deixar esse vento seguir o rumo dele sem minhas interferências de pensamento ou confissão. Mato um pouco meus fervores para ver se sou aceitável depois de ser entendida. Para lutar por uma causa, caso seja enforcada e me mantenha viva. Eu preciso de vinho. Preciso liberar a garganta e empunhar papeis, descobrir eu mesma se sou responsável por mim, vítima ou vilan de mim. Não espero ser o escuro para sempre. Espero ter respostas. Saber como me salvar, onde ficam as saídas. Se existirem saídas. Se eu puder sair de mim.
sábado, 29 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
O tal do tempo…
O relógio teimava em soar… Malditas horas, malditos dias, maldita vida que se arrasta refém de um tempo que não está em minhas mãos. Tempo frenético, morto, inimigo meu. Tento puxá-lo pelas mãos, mas ele me escapa novamente. Envereda-se por becos escuros, onde não consigo ir. Ah, quem me dera domar o tempo, quem me dera controlar os segundos de minha vida como quem tem as linhas de seu próprio destino. Encaminho-me para um lugar distante em busca dos segundos no relógio que tanto perdi, me jogo de cima de pontes que mal sei o nome, conheço céus que não têm cores. Ninguém parece entender que os resquícios ‘dum passado que marcou meus dias continua latejando minha mente… A história sem sua continuação, apenas um epílogo mal feito… O desfecho com o mesmo final.
Eu me vejo em tantos escritos que já se foram. Me armo até onde posso com sentimentos que penso serem puros… No final do dia, apenas sou um lascivo moribundo, atrás ‘duma ave a me amar… Que me leve por asas a um lugar que me pertença… Moça, no final dos dias somos dois loucos querendo nos encontrar, largar a solidão que emana de nossos passos e exala de nossas mentes. Antes que o ponteiro do relógio anuncie sua partida, venha… Se encontre em mim para nunca mais eu me perder, sim?
terça-feira, 11 de outubro de 2011
A fulga do meu eu.
Também existem essas horas em que minha solidão amiga e minha tristeza costumeira não me bastam. Situações que me isolam de mim mesma, quando eu me jogo para escanteio, quando eu assumo que o peso do meu coração é suportável, mas nem por isso é fácil de carregar. Eu poderia não olhar para os lados, não deixar que meus joelhos se ferissem, não cair de amores pelo mistério, mas não. Estou numa constante queda e ninguém numerou o andar. Tenho uns metros e alguns vestígios de desejos nos olhos. E, ainda assim, há momentos em que o vento é só uma pincelada de liberdade. Na maior parte do tempo, quero mais. Não sempre, nem se pode. Minha sina é só de sentir e às vezes eu clamo descanso. Quero teu tapete aveludado pra deitar ao lado. Quero tua sala muito vazia para caber todo o silêncio que me cerca. Quero teu colo sem perguntas para passar a noite. Porque eu também preciso tirar férias de mim. Trocar de corpo e largar de mão a imensa turbulência de sentimentos que o mundo me trouxe. Por favor, meu eu, faço qualquer coisa para conseguir um minuto sozinha, sem mim. Pois não sei me virar acompanhada em caso de emergência. E esse é, definitivamente, um caso de emergência. Sem metáfora, sem exagero. Nada é figurativo quando se trata da responsabilidade pela própria vida.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Gentilezas.
Um dia desses eu estava caminhando perto da minha casa, numa dessas calçadas estreitas que tem aos montes, quando a sacola de compras de uma senhora que caminhava na minha frente arrebentou e dela caíram várias laranjas. Obviamente, quer dizer nos dias de hoje nem sei se é tão óbvio assim, parei para ajudá-la.
Depois de ter recolhido tudo junto com ela, sobrou uma laranja que eu peguei e quando fui entregar, ela me ofereceu como presente em agradecimento pela ajuda. Agradeci de volta, ela me desejou sorte e cada um seguiu seu caminho, o seu dia e foi cuidar da vida.
Nada demais, uma historinha boba como qualquer outra que pode acontecer com qualquer um se não tivesse servido para me fazer pensar que caso ocorresse durante alguma viagem minha por qualquer lugar do mundo, eu pensaria assim: “nossa, que povo simpático, educado, cortês”.
O ser humano consegue ser extremamente agradável quando quer, o grande problema é que não se esforça nem um pouco para isso na maioria das vezes. A nossa sociedade contemporânea atribui força e delega admiração à indiferença e ao cinismo solitário, ao sarcasmo que invariavelmente é confundido com inteligência.
Essa brutalidade intrínseca é tão presente e tão “normal”, que uma pequena e doce experiência como essa me faz acreditar que a despeito de tudo, nem todos valorizam o áspero, o demasiado objetivo, o impessoal e que de vez em quando alguém pode lhe oferecer a sobremesa do seu almoço numa simples retribuição a um ato de solidariedade.
O meu “obrigado” à simpática senhorinha por isto.
Nada demais, uma historinha boba como qualquer outra que pode acontecer com qualquer um se não tivesse servido para me fazer pensar que caso ocorresse durante alguma viagem minha por qualquer lugar do mundo, eu pensaria assim: “nossa, que povo simpático, educado, cortês”.
O ser humano consegue ser extremamente agradável quando quer, o grande problema é que não se esforça nem um pouco para isso na maioria das vezes. A nossa sociedade contemporânea atribui força e delega admiração à indiferença e ao cinismo solitário, ao sarcasmo que invariavelmente é confundido com inteligência.
Essa brutalidade intrínseca é tão presente e tão “normal”, que uma pequena e doce experiência como essa me faz acreditar que a despeito de tudo, nem todos valorizam o áspero, o demasiado objetivo, o impessoal e que de vez em quando alguém pode lhe oferecer a sobremesa do seu almoço numa simples retribuição a um ato de solidariedade.
O meu “obrigado” à simpática senhorinha por isto.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Eco Poético.
A madrugada me chamou para dançar, com sua valsa medida e bem vestida, veio até meus braços me ensinar a dançar; essa dança de tristeza que nos levou até o pilar das angústias passadas. São sinfonias não mais silenciosas que quebram as horas em busca de novos admiradores, fantasmas que vagam na inconstância da noite abrindo as portas dos nossos segredos não preparados para a valsa macabra das horas contínuas. São lamentações e murmúrios que se transformam em ótimos dançarinos, arrancando dos saltos o som dos suspiros chorosos.
Brindemos, então, minha graça, às expectativas não alcançadas, as inverdades sofridas no peito e na alma, como a celeste incompletude de dias que deveriam ser apaixonantes. Cadafalso de palavras revestidas do cálix da amargura, perfídia como sombria oscilação dessa alma ainda muda. Assim como corvos famintos a sobrevoarem teu céu, as dores se copulam em tua face, adentrando em teu peito despedaçado, dando mais escuridão às partículas que sobraram dessa fé poética que, hoje, lhe causa ânsia de vômito.
Por Deus, eu sei, antes sentia a mão da divina esperança sobre tua cabeça repousar. Agora, olha-se moribunda e perdida, sem uma gota de sorriso ao longo desse centenário de lamúrios não revestidos, transformados em trêmulos lábios de ansiedade, em busca da vida nova nas celestes auras não partidas. São criações desse teu peito danado e teimoso que ainda consegue resgatar orvalhos de força para ultrapassar as tormentas à caminho do sol da liberdade; um heroico ato, movido por uma legião de sentimentos arraigados a tua alma que ainda se locomove. São respirações espirituais de uma tentativa real de recomeço, olhos enamorados que rejeitam a dor manifestada em rostos; filhos da própria história, hoje, andando sozinhos.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Sou Psicopata.
Etimologicamente falando sou sim psicopata, doente da alma, cheia de danos e más recordações. Tenho também como sensação preferida, a misantropia, o tédio a humanidade. Pessoas me cansam. Na pele, no riso e escondida atras das palavras, trago marcas que tendem a crescer ao decorrer do tempo. Costumam dizer que o remédio é o tempo, ainda acho que é a poesia, a invenção, a paixão. Invento. Amo. Desamo. Apego. Desapego. Mudo. Re-invento meu passado nela, por isso esqueço as magoas, as transformo no que deveriam ter sido, prevejo meu futuro e o faço como quero. Enquanto ao presente, escrevo pouco dele, porque nele estou sempre a escrever. Lembro que uma vez meu pai perguntou-me porque comecei a poetizar minha vida, ou a que gostaria de ter, respondi-lhe que só assim conseguia descansar, hoje minha resposta seria outra, hoje minha poesia vai além do alivio, ela hoje também é o meu peso, talvez minha alma poética faça de mim uma escrava, alguém viciada, dependente, da minha alma doente e de um papel, diria ao meu pai também que não comecei a poetizar minha vida, sempre a poetizei, mesmo quando não as escrevia, porque minha alma doente, ainda não morreu porque sente poesia, eu respiro poesia, e sempre a respirei.
Acho que minha alma não morrerá, porque poetas não morrem, são eternizados n’um papel, por isso decidi escrever este texto, falar da minha alma, para que ela nunca se vá. Já me chamaram de louca, de tola, mas vejo com clareza que é realmente isto que todo poeta é, um louco, louco de amor, e orgulho-me dessa doença me apossar. Assim como todo psicopata necessita de seus tratamento, necessito dos meus, uma dose de café e um caderno em branco. Tenho minhas manias de louco também, converso sozinha ou melhor com meus muitos eus e seus desejos. Morro neste mundo imundo e renasço nos papéis e ainda assim sempre volto a respirar com a alma doente. Doença dos amantes, dos apaixonados! Meus dramas são todos mexicanos, e todos viram poesias, porque só dramatizar na mente não teria graça. Faço novelas, faço contos, faço verdades que não passam de mentiras bem escritas, e acredito em todas. Quando minto verbalmente no meu dia-a-dia sempre sou apanhada, e me convenço que meu talento é outro, mentir no papel, enganar a todos e a mim, com minhas estorias de amor ou de desamor. Outro dia eu me vi n’um debate incessante com meu professor de sociologia e me veio subitamente uma poesia em mente, dessas que se não anotas rapidamente fogem de tua mente na mesma velocidade que uma estrela cadente passa no céu. Eu corri. Abri meu caderno e anotei a ideia central da futura poesia “o lixo do mundo”, e quando estava novamente pronta a debater, me veio da alma doente um grito, que saiu de minha boca como um eco - ”O lixo do mundo, o mundo é o lixo, não sendo lixo, sendo a lixeira” o professor me disse “poetas são psicopatas, convencem o mundo com suas mentiras, converteu-me que este lixo é mesmo sem fim”, então eu pensei “Que tolo! Não vê que a filosofia das nossas almas poéticas, é outra, é reciclar”.
Acho que minha alma não morrerá, porque poetas não morrem, são eternizados n’um papel, por isso decidi escrever este texto, falar da minha alma, para que ela nunca se vá. Já me chamaram de louca, de tola, mas vejo com clareza que é realmente isto que todo poeta é, um louco, louco de amor, e orgulho-me dessa doença me apossar. Assim como todo psicopata necessita de seus tratamento, necessito dos meus, uma dose de café e um caderno em branco. Tenho minhas manias de louco também, converso sozinha ou melhor com meus muitos eus e seus desejos. Morro neste mundo imundo e renasço nos papéis e ainda assim sempre volto a respirar com a alma doente. Doença dos amantes, dos apaixonados! Meus dramas são todos mexicanos, e todos viram poesias, porque só dramatizar na mente não teria graça. Faço novelas, faço contos, faço verdades que não passam de mentiras bem escritas, e acredito em todas. Quando minto verbalmente no meu dia-a-dia sempre sou apanhada, e me convenço que meu talento é outro, mentir no papel, enganar a todos e a mim, com minhas estorias de amor ou de desamor. Outro dia eu me vi n’um debate incessante com meu professor de sociologia e me veio subitamente uma poesia em mente, dessas que se não anotas rapidamente fogem de tua mente na mesma velocidade que uma estrela cadente passa no céu. Eu corri. Abri meu caderno e anotei a ideia central da futura poesia “o lixo do mundo”, e quando estava novamente pronta a debater, me veio da alma doente um grito, que saiu de minha boca como um eco - ”O lixo do mundo, o mundo é o lixo, não sendo lixo, sendo a lixeira” o professor me disse “poetas são psicopatas, convencem o mundo com suas mentiras, converteu-me que este lixo é mesmo sem fim”, então eu pensei “Que tolo! Não vê que a filosofia das nossas almas poéticas, é outra, é reciclar”.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Em busca da verdadeira Felicidade.
As pessoas vivem em uma incessante busca pela felicidade. Buscam, buscam, trilham caminhos árduos…Acabam por nem observar a paisagem ao longo desses caminhos. E a felicidade é justamente isso. É o caminho, é a busca, é o crer, é o ser, é o QUERER. Sim, querer. Querer estar bem consigo mesmo. Querer se sentir bem. A maioria dos seres humanos acredita que a felicidade se encontra nas grandes coisas, nos grandes sonhos, nas grandes realizações. Mas é aí que se enganam. A felicidade é o tipo de coisa que vai acontecendo, vai fluindo…É um processo gradativo. É um acúmulo de alegrias. A alegria por si só, não. Essa é passageira. Dá e logo, logo, passa. A alegria é proporcionada por prazeres externos… Já a felicidade, ah…a felicidade. Essa, meu amigo, está dentro de você. Quer ser feliz? Vire-se do avesso. Ou melhor, revire-se. Talvez, se você parar um pouquinho de fugir de si mesmo e começar a olhar pra dentro de si, você consiga encontrar essa tal felicidade. Você precisa descobrir o que te move, o que te desperta. O que você procura pode estar ao alcance do seu olhar. Coisas tão simples que acabam por tornar-se complexas por uma simples falta de visão do ser humano. Um sorriso, uma conversa afetuosa, um filme com quem se ama, uma volta no parque, um abraço de mãe, uma fruta colhida do pé, o pôr do sol, a lua cheia, a areia quentinha abaixo de seus pés. Todos esses momentos nos provocam sensações indescritíveis de estar bem e de querer permanecer bem. Esses pequenos momentos de alegria é que vão se unir e formar a tal da felicidade. Pequenos momentos que as pessoas deixam passar pois estão muito ocupadas com a tal da busca infindável… Vivencie a sua busca pela felicidade, sinta! Entre em sincronia com você mesmo. E assim, quando menos perceberes, estarás sendo feliz.
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