quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Entre gritos e cochichos, me perco em meus próprios monólogos.

As pontas de meus dedos estão levemente rasgadas, devido as cordas do violão que eu tanto insisto em tocar, e dessa forma, escrever parece ser uma tarefa quase impossível. Ninguém compreende essa minha necessidade de pôr pra fora tudo aquilo que me faz transbordar; fazem-se cínicos, como se conseguissem suportar os sentimentos que também carregam dentro de si mesmos. Ignoram-me, como se não soubessem o quão ruim é ter suas emoções menosprezadas. Mesmo assim, não me importo, e em meio a tanta hipocrisia, me ouço perguntando como estou, respondendo que estou muito bem, obrigada, e sinto lágrimas rolarem pelo rosto. Do que adianta mentir, se me conheço mais do que qualquer outra pessoa? Logo falo para mim mesma que esse tempo nublado me desanima, que eu quero chuva ou sol (talvez os dois juntos), porque a ausência de cor no dia faz-me ainda mais cinzenta. Eu revelo que temo borboletas e não as lagartas, que invejo as gaivotas lá do céu, que gosto de desenhar (o que não é de praxe), mas quando desenho, faço como esboço, com a mão leve, sem medidas ou pretensões, e que essa é apenas mais uma frustração. Ninguém sabe admirar os meus traços malfeitos; apenas eu vejo beleza na irrefutável feiura de meus desenhos, vejo nítida a nostalgia e lembro-me de que quando eu era criança e desenhava da mesma forma. Digo, também, que um de meus maiores sonhos é aprender a tocar piano, pois ele é de tamanha boniteza, que faz-me chorar e desmancha meu rancor, convertendo em alegria. Ao mesmo tempo que é sonho, é vida, e aí não precisa pender entre os dois planos mais complexos da história dos seres humanos. Eu conto, peço segredo, começo um monólogo quase infinito, como se não me cansasse de falar. Eu grito, cochicho e, às vezes, me perco. Aí olho para os meus dedos e vejo que eles ainda doem, ainda parecem meio rasgados, sem força. Apenas respiro.
E recomeço a falar.

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